Autor: Ana Maria Machado
Resumo: O «Conde Jano», conto dramático que Mário de Carvalho publica em 1991, a seguir a Quatrocentos mil sestércios, procede a uma considerável amplificação do romance homónimo que, assumidamente retextualiza. A multiplicidade de relações que o hipertexto estabelece com um conjunto significativo de hipotextos tem sido objeto de estudo vários, abordando a tradição do romanceiro tradicional objeto de receção produtiva. Com este pano de fundo, interrogam-se as condições de possibilidade de uma escrita parodística com base nas teorias de Genette (1982) e de Hutcheon (1985). Analisando a construção narrativa e as componentes genológicas do romance e do conto, considera-se a distância crítica subjacente ao preenchimento dos vazios do romance, aos processos de densificação das personagens, ao relevo dado à condessa e à reconfiguração trágica do protagonista. Na questionação das relações de poder que se entretecem entre os figurantes, que o conto acrescenta, e as personagens do romance, desocultam-se os conflitos classistas e introduz-se o fantástico enquanto substituto moderno do maravilhoso que animara o romance.
Palavras-chave: Paródia; romance; «Conde Iano»; Mário de Carvalho; «Conde Jano».
Intervalo de páginas: 593-605
DOI: 10.34619/taz6-1f53
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